terça-feira, 10 de abril de 2012

Banco de Questões - Nova Ortografia


FGV 2010

Texto para as questões 1 e 2

A fôrma e as ideias

Restringe-se quase apenas à classe dos linguistas a expectativa pela estreia, hoje, de mais uma reforma ortográfica no Brasil. As mudanças por ora são ignoradas pela maioria da população brasileira e terão impacto reduzido no cotidiano: a cada mil palavras utilizadas, cinco serão alteradas.
Pensado para unificar a linguagem escrita nos países lusófonos, o Acordo Ortográfico produz muito barulho por quase nada. Seu impacto estará concentrado na burocracia diplomática – não será mais necessário “traduzir” documentos para as diversas grafias nacionais do idioma – e no mercado editorial, que vai movimentar-se nos próximos anos para adaptar livros e dicionários ao novo padrão.
A ortografia que está sendo substituída não constitui barreira para a compreensão de textos escritos no padrão de outro país. Dificuldades maiores são oferecidas pela construção das frases e pelo vocabulário mobilizado nas diversas regiões em que se fala o idioma.
Somente a experiência da leitura sistemática e a exposição constante a textos e tradições
nacionais, regionais e históricas diversas podem levar à superação desses obstáculos. A nova ortografia altera algumas fôrmas das ideias, jamais seu conteúdo.
Folha de S. Paulo, 01/01/2009. Adaptado.

1. Indique, no quadro, as características predominantes do texto, quanto aos aspectos
relacionados:

Conteúdo Estilo Gênero
A informativo prolixo reportagem
B científico complexo artigo científico
C expositivo literário crônica
D opinativo conciso editorial
E irreverente coloquial carta de leitor

Resposta: d

2. Segundo o texto, as mudanças propiciadas pelo Acordo Ortográfico afetam, de maneira mais evidente, além do mercado editorial, a
A comunicação oficial entre os países de língua portuguesa.
B sintaxe e o léxico de cada dialeto do português.
C leitura das principais obras do mundo lusófono.
D teoria linguística formulada pelos cientistas da língua.
E pronúncia das pessoas que têm pouca escolaridade.

Resposta: a

INSPER 2009

Utilize o texto abaixo para responder aos testes de 3 a 5.
Nova ortografia, velhos dizeres
É oficial: entrou em vigor a nova ortografia. Quer dizer: mais ou menos em vigor.
É a única do mundo legislada. Os brasileiros temos pouca intimidade com as vigorações. Há sempre um amanhã, um depois de amanhã e, graças a Deus, um Dia de São Nunca, as calendas (ver dizeres populares em extinção).
Depois de anos caitituando Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau (olha o hífen!), Moçambique e Timor-Leste (eu disse que é pra olhar o hífen!), para não falar em Portugal, que andou pisando na bola (ver dizeres em extinção), o Brasil finalmente, mediante quatro decretos promulgados, assinados por presidente da república, conseguiu fazer com que uns bons 250 milhões de pessoas escrevam de forma idêntica.
Quer dizer: mais ou menos idêntica. Primeiro, porque dessas 250 milhões de pessoas apenas uns 15% são vagamente alfabetizadas. Desses 15%, pelo menos 10% é de nacionalidade portuguesa. Mas que 15%! É para elas que se legislou. Quer dizer: mais ou menos se legislou. Há dúvidas e indecisões em massa. Principalmente nos meios alfabetizados, por assim dizer.
Porque o hífen isso e o trema aquilo e o acento agudo esse e o circunflexo aquele e pororó, pão duro coisa e tal (ver dizeres populares em extinção).
De certo, sabe-se uma coisa: o decreto-lei para os hífens e seu uso, que entrou em vigor no primeiro dia de janeiro de 2009, tem até 2012, ou 2021, talvez até 3033, para ser adotado à vera (ver dizeres em extinção) entre a chamada CPLP, a digníssima Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, ou os Oito Magníficos Países de Ouro, como são conhecidos nos meios lexicográficos mundiais.
De garantido, pode-se afirmar que essa nova ortografia (quer dizer: mais ou menos um acordo, ou um decreto, ou uma lei) vai dar um dinheirão e muita gente boa vai pegar uma nota preta e sair pela aí (ver dizeres públicos em extinção), pelos países da doce língua de Camões e Paulo Coelho, montada na burra do dinheiro. (...)
(Lessa, Ivan. oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/01/02/)

3. Com base no texto, não é correto afirmar que
(a) no trecho “...250 milhões de pessoas escrevam de forma idêntica. Quer dizer: mais ou menos idêntica.”, o autor enfatiza que, no Brasil, um país democrático, os cidadãos são livres para escreverem como querem desde que se comuniquem de forma eficiente.
(b) a falta de uniformidade no uso das regras ortográficas resulta, entre outros fatores, da desinformação e do analfabetismo funcional que ainda atinge parcela significativa da população.
(c) com a ressalva “quer dizer: mais ou menos um acordo, ou um decreto, ou uma lei”, o escritor salienta a indefinição daquilo que foi estabelecido no país acerca das mudanças na língua portuguesa.
(d) com as frases “mais ou menos em vigor” e “...temos pouca intimidade com as vigorações”, o autor ironiza a flexibilidade com que as leis são respeitadas no Brasil.
(e) As mudanças constantes da oralidade são marcadas pelas ressalvas do autor em “ver dizeres populares em extinção”.

4. “ pode-se afirmar que essa nova ortografia (...) vai dar um dinheirão...”. Tendo em vista a sua classificação morfológica, o termo grifado repete-se em:
(a) “... para não falar em Portugal, que andou pisando na bola...”
(b) “...eu disse que é pra olhar o hífen!”
(c) “...decreto-lei para os hífens e seu uso, que entrou em vigor...”
(d) “É para elas que se legislou.”
(e) “...Cale-se, que a regra deve sempre prevalecer! ”

5. Preencha a lacuna com porque, porquê, por que, por quê: “Nunca nos perguntaram _____ cometemos tamanho equívoco. Talvez _____ não quisessem ouvir a verdade. Os _____ doem às vezes.”
(a) por que, porque, porquês
(b) porque, porque, porquês
(c) por que, por que, por quês
(d) porquê, por que, porquês
(e) porque, porque, por quês

6. A mesma figura de linguagem presente em “Os brasileiros temos pouca intimidade com as vigorações.” repete-se em:
(a) “Nova ortografia, velhos dizeres.”
(b) “Brasília é uma estrela espatifada.”
(c) “O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford.”
(d) “Coisa curiosa é aquela gente! Divertem-se com tão pouco...”
(e) “Quer dizer: mais ou menos idêntica”.


UNICAMP 2009

7. Reportagem da Folha de São Paulo informa que o presidente do Brasil assinou decreto estabelecendo prazos para o país colocar em prática o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que unifica a ortografia nos países de língua portuguesa. Na matéria, o seguinte quadro comparativo mostra alterações na ortografia estabelecidas em diferentes datas:

Após as reformas de 1931 e 1943: Êles estão tranqüilos, porque provàvelmente não crêem em fantasmas.
Após as alterações de 1971: Eles estão tranqüilos, porque provavelmente não crêem em
fantasmas.
Após o novo acordo, a vigorar a partir de janeiro de 2009: Eles estão tranquilos, porque provavelmente não creem em fantasmas.

Sobre o acordo, a reportagem ainda informa:

As regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que entram em vigor no Brasil a partir de janeiro de 2009, vão afetar principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. Cuidado: segundo elas, você não poderá mais dizer que foi mordido por uma jibóia, e sim por uma jiboia. (...)
(Adaptado de E. Simões, “Que língua é essa?”. Folha de S.Paulo, Ilustrada, p. 1, 28/09/2008.)

a) O excerto acima supõe que alterações ortográficas modifiquem o modo de falar uma língua. Mostre a palavra utilizada que permite essa interpretação. Levando-se em consideração o quadro comparativo das mudanças ortográficas e a suposição expressa no excerto, explique o equívoco dessa suposição.

Ainda sobre a reforma ortográfica, Diogo Mainardi escreveu o seguinte:
Eu sou um ardoroso defensor da reforma ortográfica. A perspectiva de ser lido em Bafatá, no interior da Guiné-Bissau, da mesma maneira que sou lido em Carinhanha, no interior da Bahia, me enche de entusiasmo. Eu sempre soube que a maior barreira para o meu sucesso em Bafatá era o C mudo [como em facto na ortografia de Portugal] (...)
(D. Mainardi, “Uma reforma mais radical”. Revista VEJA, p. 129, 8/10/2008.)

b) O excerto acima apresenta uma ironia. Em que consiste essa ironia? Justifique.


UNICAMP 2010


a) Qual é o pressuposto da personagem que defende o acordo ortográfico entre os países de língua portuguesa? Por que esse pressuposto é inadequado?
b) Explique como, na tira ao lado, esse pressuposto é quebrado.



 

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